Milhares de
crianças refugiadas desapareceram na Europa.
As autoridades europeias que lidam com a crise de refugiados não
sabem onde estão até 10 mil crianças refugiadas que chegaram ao continente
desacompanhadas nos últimos dois anos.
Conforme
os dados do Serviço Europeu de Polícia (Europol), um em cada dois destes
desaparecidos entrou na Europa pela Itália, que é a primeira estação no
continente para muitos refugiados.
A
organização humanitária Aldeias Infantis SOS da Alemanha classificou o caso de
"inconcebível", cobrando proteção do ministro do Interior da
Alemanha, Thomas de Maizière.
O
porta-voz da organização, Louay Yassin, chamou a situação de vergonhosa.
"Toda a situação dos refugiados é vergonhosa. Isso não é, de forma alguma,
uma crise de refugiados, mas uma crise política europeia", disse Yassin.
Segundo a Associação Federal para Menores
Refugiados Desacompanhados (BumF, na sigla em alemão), a Alemanha recebeu entre
35 mil e 40 mil crianças e adolescentes abandonados em 2015 – a maioria
originária de Afeganistão, Síria, Iraque, Eritrea e Somália. Estima-se que 15%
a 25% delas desapareceram.
"O fato de pessoas jovens desaparecerem
– e elas geralmente desaparecem dentro das primeiras quatro semanas após a
chegada – tornou-se normal. Ninguém mais pergunta por elas", observa Nils
Espenhorst, integrante da BumF.
Desaparecidos
na Europa
A
polícia procurar por jovens refugiados desaparecidos com a mesma intensidade
que realiza buscas por bicicletas roubadas, comentou Espenhorst, em tom de
ironia.
Os
desaparecimentos são ainda mais preocupantes porque jovens que viajam sozinhos
são muito vulneráveis, afirmou Espenhorst. Segundo ele, os números podem ser
ainda maiores, uma vez que muitos casos não são registrados.
Há pouca
informação sobre o que acontece com as crianças depois de desaparecer. Elas
podem até mesmo seguir viagem atrás de parentes ou outros contatos na Europa.
Ninguém sabe se realmente chegam ao destino desejado.
© Fornecido por Deutsche Welle
Existe, no entanto, o medo de que o crime
organizado esteja explorando jovens refugiados, forçando seu ingresso na
mendicância, prostituição e pornografia – entre outras atividades ilícitas.
Problemas
estruturais e logísticos
Na
Alemanha suspeita-se que muitos jovens desaparecem simplesmente porque não
gostaram do lugar onde foram alojados. Outros passam à clandestinidade antes de
completarem 18 anos porque estão com medo de receber asilo.
O
Departamento Federal de Investigações (BKA, na sigla em alemão) registra 4.718
jovens refugiados desaparecidos desde o início do ano – 10% são crianças e os
outros são adolescentes com idades entre 14 e 17 anos. Os dados são baseados em
registros policiais de pessoas desaparecidas feitos após denúncia dos pais, de
assistentes sociais e de abrigos de refugiados. O BKA enfatizou a possibilidade
de a criança ser registrada como desaparecida mais de uma vez, o que ampliaria
o dado estatístico.
Especialistas
concordam que a Alemanha pode ter criado um problema adicional colocando jovens
refugiados longe de cidades mais populosas, optando por abrigá-las em áreas
rurais, menos atraentes principalmente para adolescentes.
Fora das
estatísticas
Para a
porta-voz da organização Save the Children, Claudia Kepp, os dados da Europol
são profundamente preocupantes. "Eles mostram que existe uma lacuna na
proteção das crianças ao longo da rota dos refugiados para a Europa",
alerta.
Tanto
Kepp como Espenhorst concordam que a proteção oferecida aos jovens refugiados
na Alemanha é insuficiente. Ambos criticam o fato de o país ainda não ter
colocado em prática as recomendações da União Europeia sobre o tráfico de
pessoas.
Como
garantir a segurança de jovens que assumem o risco de enfrentar uma longa
viagem para chegar à Europa a salvo? Fora o registro dos jovens imediatamente
na chegada, com coleta de dados biométricos, Espenhorst diz que "é
fundamental estabilizá-los emocionalmente e oferecer a eles uma perspectiva de
futuro."
Autor:
Dagmar Breitenbach (mp)
Edição:
Alexandre Schossler
Link: http://www.msn.com/pt-br/noticias/mundo/milhares-de-crian%c3%a7as-refugiadas-desapareceram-na-europa/ar-BBp4W1o
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