Para o professor titular da Unicamp, a crença na “auto-organização” do
mercado, sustentada por defensores de “dogmas”como o tripé macroeconômico, não
encontra correspondência na realidade. “Acho que os economistas em geral têm um
déficit intelectual decorrente da ignorância histórica”
Por Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria
Luiz Gonzaga Belluzzo não hesita em dizer o que pensa sobre os atuais
rumos da economia brasileira, que estariam pautados hoje, sobretudo, pelo
princípio que ele considera ser uma espécie de “Santíssima Trindade” da
“teologia” de economistas: o tripé macroeconômico. “Qual é a lógica do ajuste
fiscal? Se a gente prometer ajuste fiscal, certamente o setor privado vai
ganhar mais confiança, vai investir, e aí a economia se reequilibra – é o que
eles pensam. Só que essa suposição é falsa”, afirma.
O economista e professor titular do Instituto de Economia (IE) da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ressalta ainda o papel da mídia
tradicional na defesa do receituário neoliberal e não poupa críticas à parte
dos macroeconomistas brasileiros. “Acho que os economistas em geral têm um déficit
intelectual decorrente da ignorância histórica, ficam falando abstrações”,
coloca.
Confira na íntegra a entrevista que Belluzzo concedeu à Fórum:
Para Luiz Gonzaga Belluzzo, o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
“representa um conjunto de interesses, que acabou se impondo durante as
eleições e logo depois delas” (Foto: Wilson Dias/Agência Brasil)
Fórum – O que podemos esperar do ministro Joaquim Levy e da equipe
econômica brasileira para os próximos quatro anos?
Luiz Gonzaga Belluzzo – A minha modesta opinião é a de que
não devemos personalizar. O Joaquim Levy, na verdade, representa um conjunto de
interesses, que acabou se impondo durante as eleições e logo depois delas.
Disse, em uma entrevista recente, que não é que a Dilma cometeu uma traição,
porque esta é uma palavra imprópria. Ela, diante da desigualdade da correlação
de forças, capitulou diante do projeto dos mercados financeiros.
O que aconteceu? Exageraram no cenário de precariedade da situação
fiscal. O Brasil não está à beira de um colapso, nem pelo critério da dívida
pública, que está em 63% do PIB, nem pelo critério do déficit nominal, que é
bastante aceitável, sem, claro, que a gente tenha que se conformar com isso.
Essas situações se agravaram, sobretudo, depois de 2011, 2012, quando a
economia começou a perder fôlego. O consenso do mercado, então, era de que
havia alguma espécie de violação das regras de administração do tripé [macroeconômico].
O tripé, na “teologia” econômica, é uma espécie de substituto da Santíssima
Trindade – eu, pessoalmente, prefiro a Santíssima Trindade, seu mistério é mais
interessante. Já o mistério do tripé tem uma vida recente, está apoiado sobre
uma certa concepção da economia, uma certa formulação dos modelos
macroeconômicos, e, em geral, esses modelos são curiosos, porque cuidam das
políticas fiscal, monetária e cambial, indiretamente, a partir de um modelo que
não tem banco e nem dinheiro.
É um capitalismo estranho, que não tem banco nem dinheiro. Se você
dissesse isso para um economista conservador, no início do século XX, final do
século XIX, ele acharia que você deveria ser enviado a um hospício. Mas, de
qualquer maneira, eles têm a necessidade de formular uma regra, ou regras que
valem o tempo inteiro, independentemente do período histórico e da conjuntura
que a economia esteja vivendo. Se olharmos a ideia do ajuste fiscal, estão
dizendo que, na verdade, só podem surgir os desequilíbrios macroeconômicos por
conta dos equívocos da política econômica. Se a economia for deixada a ela
mesma, tem capacidade de se reequilibrar automaticamente, pelas suas próprias
forças, e, ao mesmo tempo, claro que apresenta flutuações, mas são
autocorrigíveis. Os desequilíbrios e as flutuações só poderiam vir da tentativa
do Estado de intervir.
Tome-se como exemplo o que o Joaquim Levy falou: “precisamos acabar com
o patrimonialismo”. O que é o patrimonialismo? A tentativa do Estado de
intervir para estimular um ou outro setor. Isso é uma visão – eu diria, para
ser gentil – pobre, do que é o patrimonialismo. Se você considera isso uma
impropriedade em uma economia de mercado, é porque acha que o mercado é capaz
de fornecer seus próprios incentivos, e que o Estado tem de ficar ausente,
porque o mercado se auto-organiza e produz um resultado mais eficiente. Isso é
uma falácia. É preciso não ter nenhuma noção da história do capitalismo, desde
a Revolução Industrial – quando nasce o mercantilismo dos privilégios – até as
industrializações dos EUA e da Inglaterra. Acho que os economistas em geral têm
um déficit intelectual decorrente da ignorância histórica, ficam falando
abstrações.
Estamos nos referindo a uma abstração, que é um modelo competitivo,
dinâmico, de equilíbrio geral. Se você toma essa construção abstrata como uma
espécie de retrato adequado de como funciona o capitalismo, pode chegar à
conclusão de que, em uma economia que tem ciclos, dinheiro, créditos, crises
financeiras, o Estado deve deixar que isso ocorra naturalmente. É claro que
quando ocorre uma crise como a de 2008, eles não têm a capacidade de se autorregular,
então chamam o Estado. Não fossem os bancos centrais, teríamos entrado em uma
depressão de grandes proporções. Mas isso passa batido, porque quando a
intervenção é a favor deles, não tocam no assunto – melhor nem falar. É como
algumas históricas familiares: é melhor não falar do tio bêbado nas reuniões de
família.
Fórum – Ou seja, um modelo que não corresponde à realidade…
Belluzzo – Escrevi um artigo na Carta Capital, falando “ah, é,
patrimonialismo?”. Então vamos ver quem aumenta seu patrimônio com a estrutura
tributária e a lei fiscal brasileiras, tanto pelo lado da tributação e da
receita, como pelo lado da despesa. É uma das coisas mais escandalosas do
mundo, porque quem paga imposto mesmo são os assalariados. O rico e o pobre
compram a geladeira com a mesma alíquota, mas quem é que paga proporcionalmente
mais? E quem é que recebe o grosso dos juros? Não é que não exista o
trabalhador que tenha sua poupança e receba seus “jurinhos”, mas o grosso mesmo
quem recebe são os grandes poupadores. Aí eles vêm com a história de que
precisa aumentar a poupança pública. Eu me pergunto: como é que você pode
aumentar a poupança, concebida como uma renúncia ao gasto corrente – você
recebe a renda, decide entre poupar e consumir?
Se você não tem renda, não decide nada. Se a renda cai, também vai
poupar menos. O Keynes, sobre quem estou escrevendo um livro, já explorou essa
ideia, que é super ideológica, porque justifica o enriquecimento pelo esforço:
“eu poupei, sacrifiquei meu consumo presente para ter o consumo no futuro,
então produzi um benefício social”. O Keynes diz: não senhor, você, na verdade,
tomou uma decisão de acumular a riqueza para si mesmo. Como empreendedor e
produtor de riquezas, alguém só é útil socialmente quando investe, gera renda
adicional, emprega mais gente, gera mais imposto. Quando poupa, está fazendo
uma subtração. E aquilo fica lá perturbando o tempo inteiro, afinal, como você
vai adquirir renda, receita, basicamente pela sua riqueza poupada? Aplica,
digamos, num CDB, em uma poupança, e aí fica um parceiro do juro alto.
Quando ela [Dilma] baixou a taxa de juros, recebi uma quantidade
de telefonemas, inclusive de vários jornalistas, indignados: “onde já se viu,
estou perdendo dinheiro!”. Porque ele não faz nada, é um poupador, um parasita
da sociedade, todos nós a parasitamos um pouco quando aplicamos nosso dinheiro.
Não estou fazendo uma condenação moral, estou fazendo uma observação do papel
social disso. Não é que a poupança seja ruim, ela faz parte do jogo econômico,
o problema é que a avaliação da riqueza acumulada ao longo do tempo é que vai
determinar o custo do dinheiro para quem vai investir. Não é difícil entender
isso.
Então, essa defesa da poupança é uma mistura de picaretagem com safadeza
[risos], porque é preciso conhecer o conceito, uma coisa é a palavra, outra é o
conceito que está por trás dela. A poupança é algo que parece virtuoso, mas
essa economia capitalista de mercado funciona ao contrário. Há um sistema de
coordenação da riqueza chamado sistema bancário. O que ele faz: transfere o
dinheiro de um para outro? Não, cria moeda. Quando faz um empréstimo, cria um
ativo para ele e um passivo, que é o depósito à vista. Ele adianta dinheiro
para quem quer investir, gastar – claro que isso supõe o crescimento da renda e
a capacidade de pagar de volta. Mas o banco funciona assim, por isso há, na
economia, expansões muito virtuosas e, ao mesmo tempo, crises.
Como os modelos deles não têm bancos, ficam falando de montar poupança –
poupança externa, da família, do governo. É uma trapalhada. E acham que
políticas para o desenvolvimento, keynesianas, são para fazer déficit. Não é
nada disso! Isso é uma falsificação absurda do Keynes. Ele disse uma vez, para
seu companheiro: vocês se preocupam demais com a cura e não com a prevenção, é
preciso haver um processo de socialização do investimento, ou seja, o Estado
precisa estar permanentemente apetrechado para manter a taxa de investimento a
um nível razoável, nem muito exagerada e nem muito baixa. Outra coisa que ele
dizia é que é possível ter um sistema fiscal progressivo, que estimule o
consumo de quem tem renda menor, é necessário fazer distribuição de renda.
A terceira coisa é sobre a “eutanásia do rentista”. Ele [Keynes]
falava sobre a renda, palavra que vem do inglês rent, derivado, por sua
vez, dos proprietários da terra, aquilo que recebiam por sua propriedade. Assim
também a taxa de juros é uma renda decorrente da propriedade do dinheiro, ou do
controle do dinheiro. Só que, no caso da terra, esse fenômeno pode ser
atribuído a causas naturais. No caso do dinheiro, não, porque os bancos criam
moeda, portanto, a escassez de capital não se compara à escassez da terra.
Finalmente, a quarta coisa dita por ele era que o sistema monetário
internacional e o movimento de capitais acaba por destruir as economias,
sobretudo aquelas que têm a moeda menos forte. Por isso, defendia um sistema
que impedisse que as economias fossem devastadas por esse movimento de
capitais. O que acontece com esses “caras do ajuste”? Acham que isso é natural.
Como é isso mesmo, são os países que têm de fazer ajustamento nas suas
economias, não o sistema monetário internacional – que é uma maluquice, para
dizer o mínimo.
Segundo Belluzzo, um dos principais problemas econômicos do primeiro
mandato de Dilma Rousseff foi a questão cambial. “Ela tinha noção de que isso
seria prejudicial, mas foi derrotada”, declara.
Fórum – O senhor tem falado muito também da fragilidade da indústria
brasileira.
Belluzzo – O Brasil vem perdendo capacidade industrial desde a dívida externa, que
é o maior exemplo da inadequação de se recorrer ao que eles chamam de poupança
externa para financiar seu desenvolvimento. Isso nos atrasou dez anos, o que
aconteceu depois foi uma tragédia econômica, tanto do ponto de vista fiscal
como do ponto de vista monetário, a adoção da generalização da indexação, a
perda de competitividade da indústria brasileira começou aí. E prosseguiu,
porque, depois da estabilização, durante o governo FHC, usou-se o câmbio
valorizado para segurar a inflação, o que destruiu a indústria.
Sempre digo ao presidente Lula que você falava sobre câmbio para ele e
ele olhava para o outro lado. Tenho a maior admiração por Lula porque puxou o
pessoal de baixo para cima. Aproveitou o ciclo e fez o que deveria ter feito,
cumpriu o que disse que faria. Mas, por outro lado, como as coisas não são
unívocas, deixou o câmbio valorizar e foi empurrando a indústria para baixo. A
Dilma, coitada, tentou fazer uma redução da taxa de juros mas teve que voltar
para trás, porque um país como o Brasil, sozinho, não tem força para fazer
isso. Não é por acaso que fizemos esse acordo com os BRICS. Ele é importante se
o Brasil souber usar o banco e o contingente de reservas, porque aí ajuda a
proteger o país de uma turbulência antiga, da qual nos protegemos muito mais
agora do que nos protegemos lá atrás, por conta das reservas que temos.
Fórum – O senhor mencionou esse momento do primeiro governo Dilma, em
que houve uma tentativa de abaixar os juros, e houve quedas sistemáticas, uma
atrás da outra – o que, a certa altura, levou o juro real a quase 2%, pouco
mais que isso. Àquela época, inclusive, cogitou-se que essa poderia ser uma
marca da gestão Dilma. O senhor citou a questão cambial, que teria prejudicado
essa queda, que outros fatores fizeram com que isso não desse certo?
Belluzzo – Ela tinha noção de que isso seria prejudicial, mas foi derrotada
inclusive porque os supostos beneficiários de uma redução, que seriam os
industriais, estavam em menor número. Houve uma mudança na composição do
empresariado brasileiro. Não há mais aqueles empresários comprometidos com sua
indústria, como o Antônio Ermírio de Moraes, [Antonio] Bardella,
Villares, que, junto com o Estado brasileiro, foram responsáveis [pelo
crescimento da economia]. Os militares, nesse aspecto, tirando o
endividamento externo, que foi um desastre – e foi o [Mário Henrique]
Simonsen que fez, essa coisa de segurar a tarifa das empresas públicas,
empurrá-las para tomar dinheiro fora – e essa foi uma das razões das
privatizações, porque as empresas chegaram lá fragilizadas. Isso também
desarticulou muito as empresas brasileiras, porque as estatais tinham um papel
importante de investir na frente, na infraestrutura – energia, transporte,
telefonia –, criavam um horizonte para o setor privado, era uma articulação
muito virtuosa. O que desarranjou isso foi a privatização, que decorre da
política anterior.
As estatais foram transformadas em instrumentos de captação do recurso
externo, foram endividadas e, depois da crise da dívida externa, realmente elas
ficaram imanejáveis. Em seguida, se privatizou. Perdeu-se, então, um
instrumento de política industrial, de crescimento. Agora só tem a Petrobras.
Mas eu dizia que a política econômica do regime militar foi de avanço
industrial. O [Ernesto] Geisel, em seu período, tentou dar um salto, mas
caiu no lugar errado: escolheu os setores tradicionais quando já estava
ocorrendo a terceira revolução industrial, da informática, microeletrônica,
farmacêutica, nanotecnologia etc, e nós perdemos esse bonde. Aí, a economia
ficou toda voltada para a estabilização dos preços. Em 1994, fizemos um dano.
Não estou dizendo que não havia problemas, que era fácil, mas a insistência em
manter o plano valorizado era uma coisa tão tragicamente visível que nem mesmo
gente do PSDB [concordava], como o [José] Serra, por exemplo –
que nem sei o que está fazendo no PSDB, porque não pensa igual a eles, e já disse
isso para ele, que está perdendo tempo. Eles falavam “vamos abrir a economia”,
mas fazer isso com o câmbio valorizado, deu no que deu… É difícil entender
isso?
Quando discutimos a economia brasileira hoje, noto que há um descompasso
entre o que os macroeconomistas pensam e os reais problemas da economia, que
são estruturais e estão localizados na perda de importância da indústria
brasileira, na determinação da forma como funciona e seu dinamismo. Estamos, na
verdade, regredindo. Brinco que estamos flertando com a série C da economia,
não é nem com a série B, e olha que Série B é algo em que tenho experiência [risos].
Fórum – Mas, no primeiro governo Dilma, além da questão cambial, o que
mais não deu certo nessa trajetória de queda dos juros?
Belluzzo – Em 2010, tivemos uma recuperação muito rápida da crise de 2009. Em
2009, o PIB caiu 0,3%; em 2010, cresceu 7,5% – ano de eleição, foi um
crescimento espetacular, uma recuperação quase chinesa. Queria até deixar isso
registrado, e não é porque ele é meu amigo – é por isso, mas não só –, mas que
foi feita uma injustiça muito grande com o Guido [Mantega]. Ele tirou, com
grande habilidade, a economia da recessão. Depois, e eu disse isso para ele, o
governo deixou de lado a coordenação do investimento. Aí sim vem a questão da
intervenção, a boa e a má. Em vez dela [Dilma] coordenar o investimento
privado, chamar os empresários, discutir com eles as melhores condições para
deslanchar um programa de investimentos, tabelou a taxa interna de retorno, o
que é um equívoco, porque não deixou o mercado fazer isso. Tem umas coisas que
o mercado pode fazer e outras que não pode. Ter deixado o mercado fazer isso
teria sido melhor.
[Em 2011] Não só eu percebi, como outras pessoas – o Delfim, o
próprio Lula percebeu – que ali precisava de uma aproximação entre o governo e
o setor privado. Não é nem um pecado isso, nenhuma promiscuidade, tem que se
evitar coisas que acontecem e são graves. Mas, enfim, esse foi o divisor de
águas: a demora. Se ela tivesse deslanchado o programa, talvez pudesse ter tido
um espaço maior para fazer a desvalorização cambial. Os programas, tanto o do
pré-sal, como o da infraestrutura [PAC] tinham um impacto na economia
doméstica. No caso do pré-sal, tinha cláusula de encomendas domésticas, que é
importante, apesar de todo mundo ficar combatendo, mas é que não têm noção de
como foram feitas as políticas industriais na industrialização americana, alemã
e mesmo na francesa. Ou seja, ficam falando banalidades.
A outra coisa é que, juntamente com esse equívoco de querer tabelar a
taxa de retorno dos empreendimentos, não se considerou a iliquidez dos
empreendimentos. Você não vende uma estrada como vende uma ação. Pode até vender
a ação da empresa que faz a estrada, mas se a empresa não vai bem, sua ação
também não vai. O terceiro ponto foi a demora no reajuste do preço da gasolina.
Não havia razão para subsidiar a massa de consumidores que tem capacidade para
gastar. Em um certo momento, era possível reajustar sem causar um grande efeito
sobre a inflação. Foi um erro, podia ter deixado a Petrobras em uma situação
muito mais favorável para acelerar os investimentos. Não acho que a Petrobras
vá falir, é preciso resolver, sim, sua relação com os fornecedores e com o
pessoal das empreiteiras que trabalham para ela. Não pode ser feita a confusão
de se punir rigorosamente quem cometeu malfeitorias e destruir esse complexo de
empresas que está relacionado à Petrobras. Tenho insistido muito nisso porque
noto alguma movimentação da CGU, no próprio governo, mas não se pode confundir
as coisas.
Veja os americanos: quando ocorreu a
crise, uma série de crimes financeiros cometidos pelos bancos foram punidos
mais ou menos – não se tem notícia de grandes figurões que foram em cana, lá é
uma farsa. Estou lendo um livro agora, Too big too jail, em que o autor
conta como as coisas são feitas lá. Mas, retornando: é preciso proteger esse
complexo porque todas as empresas estão financiadas pelos bancos, o que afeta,
consequentemente, o sistema bancário. Há um estoque de dívida nos bancos que
são de empréstimos feitos a essas empresas. Então, não se pode agir, nesse
caso, simplesmente com o ânimo de punir, tem que pensar nas empresas, que são
enormes. Pode-se até propor a mudança de propriedade, fusões e aquisições,
mudanças de controle, fazer o que quiser. Mas não se pode esquecer que são
estruturas enormes, que têm peões de obra, engenheiros, funcionários. O que vai
se fazer com essa gente, mandar todo mundo embora, só porque você é uma espécie
de Torquemada. É preciso
pensar nas pessoas que estão lá.
“Foi feita uma injustiça muito grande com o Guido [Mantega]. Ele tirou,
com grande habilidade, a economia da recessão”, diz Belluzo sobre o ex-ministro
(Foto: José Cruz/Agência Brasil)
Fórum – Qual o efeito da
financeirização das empresas para a economia brasileira?
Belluzzo – Esse é um ponto fundamental. O modelo elétrico brasileiro é todo
financeirizado. Há preço do mercado livre, que de vez em quando bate 800 kw,
isso é uma anomalia. O sistema norte-americano já fracassou na Califórnia por
isso, e aqui também. Vamos olhar o que está acontecendo com São Paulo. A
situação me lembra uma marchinha de Carnaval dos anos 1950: “Rio de Janeiro,
cidade que me seduz, de dia falta água, de noite falta luz”. Vi aqui, na região
da minha casa, restaurantes que precisaram jogar toda a comida fora. O que está
na raiz disso? Uma privatização mal feita, porque os contratos, se exigem, não
obrigam as empresas a fazer o que têm de fazer.
Não quero usar esse exemplo, porque é meio pedante, mas vou ter que
usar: já foram a Nova Iorque, Paris, Roma? Se sim, viram postes na rua? Poste
só tem aqui e em países mais atrasados do Terceiro Mundo. Então chove e árvore
cai em cima do fio, que não deveria estar no poste, deveria estar enterrado.
Eles enterraram? Fui do conselho da Eletropaulo, e gentilmente falei para o
presidente que não ficaria, porque não concordo com isso, tinha que enterrar.
Precisa cobrar mais uma tarifa? Cobra, explicando que é o que corresponde ao
serviço, mas não deixa a cidade à mercê das chuvas.
Assim como a Sabesp. A lógica dessas empresas, quando colocam ações em
Nova Iorque, é que elas têm de pagar dividendos. A Sabesp pagou 4 bilhões de
reais em dividendos e não investiu coisa nenhuma, e a Eletropaulo idem – manda
dividendo adoidado para a tal da AES. E o povo que se lixe. Aliás, essa é a
regra na economia de hoje. Eles vão fazer o ajuste fiscal e o povo que se lixe
Fórum – Falando nisso, o ajuste fiscal tem sido muito criticado por
conta dos efeitos recessivos que ele pode causar. Quais seriam medidas
alternativas a ele na situação atual?
Belluzzo – Vamos fugir um pouco do espírito de que a economia é uma máquina que
precisa ser consertada, em que você mexe um parafuso aqui para ter um resultado
ali. Eu disse que acho que o mercado exagerou em relação à situação fiscal. Boa
parte do que piorou se deve a um fenômeno como aquilo que estávamos discutindo
em relação à poupança – como a renda caiu, a situação fiscal piorou. É só olhar
as notícias de jornal: “arrecadação cai para os níveis mais baixos desde 1900 e
não sei quanto”. Por quê? A situação fiscal tem a ver com o crescimento. Por
isso Keynes dizia que é preciso estabilizar o investimento para estabilizar o
comportamento da renda. Se deixamos a própria economia fazer isso, flutua o
tempo inteiro, e o ajuste fiscal será feito em cima de uma economia que está em
recessão? Vai se afundar, empurrar para baixo. Qual é a lógica do ajuste
fiscal? Se a gente prometer ajuste fiscal, certamente o setor privado vai
ganhar mais confiança, vai investir, e aí a economia se reequilibra – é o que eles
pensam. Só que essa suposição é falsa.
Quando o ajuste fiscal é feito em recessão, o cara da empresa que
produz, digamos, equipamentos mecânicos para outra indústria que está perdendo
receita, mandando os empregados embora, vai comprar equipamento da última? Vai
gastar mais, investir, olhando que está tudo caindo? O que se observa hoje é
isso. Não importa que os empresários digam que é bom o ajuste fiscal, porque,
como dizia um tal de Karl Marx, “eles não sabem mas fazem”. As pessoas não têm
noção dos seus próprios interesses, elas atiram contra seu próprio pé. Apoiam,
porque a ideologia tem um papel muito importante na vida social. Não fosse
isso, se os homens fossem capazes de investigar suas próprias convicções, pouca
gente aderiria ao Bispo Macedo. Fazem isso porque faz parte da construção da
consciência coletiva. Os empresários não são diferentes, nós todos não somos.
Querem acreditar no que para eles é correto, que é ter ajuste fiscal, porque o
ajuste fiscal corresponde a uma convicção profunda individual das pessoas. Se
estou em uma situação difícil, o que faço? Reduzo meu gasto e, com uma parte da
minha renda, tento liquidar minhas dívidas. Reduzo a dívida como proporção da
minha renda e do meu patrimônio e assim recrio minha situação, e tudo corre da
melhor maneira. Só há uma falácia de composição aí, não se pode transpor isso,
o que uma família ou um indivíduo podem fazer, para o conjunto da economia,
porque o Estado e as empresas formam um conjunto de relações, no qual o Estado
tem a função de gastar e arrecadar. Se a carga tributária é de 35%, o que o
Estado gasta, na margem de 35% volta para ele. Se ele não gasta, não volta. É
difícil entender isso?
Fórum – Vimos recentemente o anúncio de demissões na indústria
automobilística. Em outras situações, o governo chegava, tentava conversar ou
intervir de alguma forma, foram feitos diversos regimes de redução/isenção
tributária para o setor, e agora não houve nenhuma dessas medidas. Isso já é
uma amostra, digamos, do conceito de patrimonialismo de Joaquim Levy aplicado
na prática? O senhor acha que existe um risco concreto do governo Dilma, neste
segundo mandado, perder uma das marcas que garantiu, inclusive, sua reeleição –
a manutenção dos baixos níveis de desemprego?
Belluzzo – Isso está no escopo da guerra patrimonialista. Cerca de 50% dos
empregados da Mercedes e da Volks que foram demitidos não têm ainda condições
de adquirir o seguro-desemprego porque estão há menos tempo empregados. Estes
vão para casa e dizem o que? Vou assaltar na rua, ou vender alguma coisa nas
esquinas, por que vai sobreviver como? Essas questões não entram no debate. Se
um programa para proteger essas pessoas é criado, vai contra o ajuste fiscal.
Outro dia, o Elio Gaspari escreveu na Folha [de S. Paulo] que se
estava criando “a bolsa metalúrgico”. Isso é porque ele não é metalúrgico. Ele
ganha dinheiro da Folha de S. Paulo, deve ganhar um bom salário, então é
fácil, de cima, falar isso. Como ele gosta muito dos Estados Unidos, fico
surpreso dele não saber que o Obama fez um programa para proteger a GM e a Ford
– na verdade, estatizou as duas. Lá tem “bolsa automóvel”. Me dou bem com ele,
gosto dele, mas é preciso ter cuidado com as coisas que a gente fala para não
simplificar.
Aliás, a imprensa tem esse vício de simplificar e querer respostas
inequívocas, basta ver o caso da Charlie Hebdou. Muito se falou que foi um
atentado à liberdade de expressão, mas acho que isso e uma simplificação que
pode nos conduzir a decisões equivocadas. É uma coisa muito mais complicada, e
até mesmo os franceses, em sua maioria, compreenderam que é algo mais complexo
– à exceção da extrema-direita.
“Não pode ser feita a confusão de se punir rigorosamente quem cometeu
malfeitorias, mas destruir esse complexo de empresas que está relacionado à
Petrobras”, aponta o economista (Foto: Agência Petrobras)
Fórum – Falando ainda sobre o papel da imprensa, como o senhor avalia
que ela colabora com a manutenção dos “dogmas da teologia econômica” que o
senhor mencionou no começo da entrevista?
Belluzzo – Ela é fundamental na sociedade de massas, porque como é que as pessoas
se informam e criam convicções? Quando se entra na internet, percebe-se
claramente que, em vez de contrabalançar isso, agrava, porque há uma repetição,
os comentários são sempre os mesmos – assustadores. Mais do que isso, imaginou-se
que se criaria a Ágora, mas se criou a Cruz Gamada, o fascismo. O fascismo não
é um fenômeno de Estado, mas sim da sociedade. Uma de suas características é o
imediatismo – é isso ou aquilo. Foi isso que aconteceu na França, o
maniqueísmo, os bons contra os maus.
Fórum – Seguindo nessa discussão sobre a mídia, como o senhor vê essa
separação reforçada por ela da economia da política, como se fosse algo
técnico, quase puro, não influenciado pela ideologia ou por orientações
externas a si?
Belluzzo – Para simplificar,
eu diria que, se a “velhinha de Taubaté” fosse dar um
curso de Economia, diria essas coisas. Há muita velhinha de Taubaté dando curso
de economia, como se fosse uma ciência, que tem leis de funcionamento típicas
etc. Agora, temos que entender que esse tipo de abstração é importante para
retirar do cidadão a ideia de que ele pode contestar, questionar o que está
sendo dito pelos especialistas. “Cidadão não pode, porque não tem formação” – é
isso o que eles estão querendo dizer. Cidadão está impedido de se manifestar
porque não conhece as verdadeiras leis de funcionamento. Como as verdadeiras
leis de funcionamento que formulam são fajutas, é um mecanismo de dominação e de
controle.
Se houvesse outra correlação de forças no Brasil, outro arranjo social,
se os trabalhadores brasileiros e sindicatos tivessem participação mais efetiva
na discussão, teriam outra proposta. Mas não têm, quem as tem são os rentistas,
pessoal do mercado financeiro, os proprietários e controladores da riqueza. Não
adianta nada votar na Dilma – e temos que reconhecer que ela está ilhada – se
você depois não cobra que ela faça a política econômica que prometeu. Não é que
é uma traição, mas acharam que bastava votar e não participar ativamente da
discussão. Sempre dou o exemplo da Alemanha e da economia social de mercado.
Ela nasce do ordoliberalismo, liberalismo na ordem, que supõe que os atores
sociais importantes têm de participar da discussão – não só dos salários, da
política monetária, mas de tudo. O Bundesbank [banco central da Alemanha]
sempre foi submisso à questão maior, que é a relação entre trabalhadores e
empresários. Os trabalhadores têm ainda representação nas empresas. E a
negociação salarial, de preço de salários, além das condições de trabalho,
treinamento dos trabalhadores, tudo é discutido. Por isso a Alemanha saiu muito
bem depois da guerra, conseguiu preservar sua estrutura industrial, avançada em
relação a outros países da Europa. Seu mecanismo de coordenação é mais
adequado.
Falei para o Lula: “Presidente, era preciso que fizéssemos um acordo
social para impedir que, na instabilidade da economia, se sacrificassem os
trabalhadores”. Negocia, há várias formas de fazer isso. Mas o que acontece é
que a economia vista dessa forma, fetichista, tem uma função. Marx já tinha
dito: produzir a ilusão de que você está submetido a um sistema inexorável,
natural, do qual não se pode fugir. Na verdade, não há nada de natural, é tudo
uma coisa construída pelo homem. Aliás, o capitalismo não é natural, é
antinatural, sob vários pontos de vista. Ele tirou o homem da dependência da
natureza mas, ao mesmo tempo, cometeu ofensas brutais a ela.
Fórum – Em uma entrevista recente, o senhor
disse que o Aécio Neves não ganhou as eleições, mas que governaria pelos
próximos quatro anos. Mantém essa opinião, sobretudo agora, que a política
econômica do segundo mandato começa a ser desenhada?
Belluzzo – A política
econômica que está sendo negociada é a política do Aécio. É como se diz nos
estádios de futebol: sai Armínio [Fraga, anunciado por Aécio Neves como seu
eventual ministro da Fazenda], entra Levy. É a mesma coisa que trocar seis
por meia dúzia. O Armínio até que é um pouco mais moderado, eu diria. Ele tem
dúvidas, o Levy não. Como disse o Luiz Carlos [Mendonça de Barros,
economista], em entrevista ao Estadão,
ele é um ponto fora da curva, um ortodoxo impenitente, porque não cede. Em uma
palestra que o Keynes foi fazer na Alemanha – em uma época em que o país estava
submetido às reparações de guerra –, um sujeito da plateia levantou a mão e
disse: “mas o senhor veio aqui outra vez e disse outra coisa”. Keynes disse:
“é, mas mudei de opinião. As circunstâncias mudam e eu mudo de opinião”. Acho
que esse não é o caso.
Na visão do professor, os reais problemas da economia brasileira hoje
“estão localizados na perda de importância da indústria brasileira na
determinação da forma como funciona e seu dinamismo” (Foto: Pedro
Revillion/Palácio Piratini)
Fórum – O senhor mencionou a Petrobras em outra parte da conversa. Que
tipo de medidas o governo tem que tomar, além dessas saneadoras, e que tipo de
papel a estatal pode desempenhar em uma recuperação econômica do Brasil?
Belluzzo – Se juntar a Petrobras e as grandes construtoras, devem representar uns
dez pontos percentuais da taxa de investimento. Se deixarmos isso colapsar,
trava o sistema. O governo precisa ajudar a Petrobras usando os bancos
públicos, ajudá-la a se recuperar financeiramente, a não atrasar o pagamento
dos fornecedores, o que é muito grave – ela está fazendo isso, muitos estão com
a corda no pescoço, sendo que nada têm a ver com a corrupção. Isso bate em
pequenas e médias empresas subcontratadas dos fornecedores. Há um risco
sistêmico, que reverbera nos bancos. É necessário fazer isso com muito método,
cuidado. Teria que chamar os procuradores, os promotores, e avisá-los que não
podem ser imprudentes. Afinal, é uma questão social, a empresa é uma
organização social, tanto que os estudos de microeconomia que valem a pena são
sobre organização industrial e empresarial. Por isso, não se pode entrar de
sola, é preciso prestar atenção, porque se pode destruir vidas de pessoas que
não têm nada a ver com isso e causar um grande prejuízo para a economia.
Pode-se criar, por exemplo, um programa de mudança de controle das
empresas, limpar o terreno, mas deixar que as empresas sobrevivam. Não é essa
história de “vou trazer uma empresa estrangeira para operar no Brasil”. Isso
tem memória, experiência e memória técnica. Fico impressionado com as
simplificações. Sei bem, meu pai foi juiz, estudei Direito, mas eles [membros
do Judiciário] não têm formação sobre essas coisas, infelizmente. Noto que,
no desempenho do juiz, falta um pouco de formação. Outro diz dei uma entrevista
sobre isso e as pessoas disseram que queria “proteger”, aí entra a
simplificação. Proteger o que? Não tenho interesse nenhum. Fico com medo de que
isso agrave a recessão e, na verdade, destrua o patrimônio brasileiro.
Fórum – No final do ano passado, o
economista Thomas Piketty concedeu entrevista à Fórum e falou muito
sobre taxação das grandes fortunas para redução de desigualdades, além de
auditoria cidadã da dívida pública. O que o senhor pensa sobre estes dois
conceitos? Sua aplicação no Brasil é viável?
Belluzzo – O Brasil tem uma das menores taxações sobre patrimônio, é quase
desprezível. Recentemente, li um estudo de um professor do Rio Grande do Sul
sobre isso, com dados da Receita Federal. O Piketty era, não sei se é mais,
assessor do Partido Socialista francês. É um social-democrata, formado nessa escola
francesa, e não é marxista, é um economista convencional, mas tem essa
preocupação com a igualdade. Acho o livro [O Capital no século XXI]
muito interessante. As pessoas ficaram criticando a teoria – e ela pode sim
receber críticas – a fórmula do r>g [renda/capital sendo maior do que a taxa
de crescimento da economia], mas ela exprime, na verdade, um avanço dos ganhos
patrimoniais, sejam eles do capital produtivo ou do capital financeiro, em
relação à taxa de crescimento, e isso é um fator que, para ele,
simplificadamente, amplia a desigualdade. Ele é muito bom economista no manejo
dos dados, foi perfeito. Tentaram desmoralizá-lo, mas se deram mal, porque fez
tudo direito. Mostra que, na época de guerras, a desigualdade diminui, porque
há destruição de patrimônio, e que, durante um período longo, da grande
depressão até meados dos anos 1970, a desigualdade cai, mas aí por conta das
polícias econômicas.
Veja os Estados Unidos, o [Franklin] Roosevelt, para mim, o maior
estadista do século XX, foi corajoso para enfrentar as questões: sindicalizou,
garantiu aumento de salário, fez programas sociais de proteção aos mais pobres,
e isso foi replicado no Pós-Guerra pelo Estado de bem estar social. O que ele [Piketty]
revela é que se pode fazer arranjos de política econômica que favoreçam
crescimento, aumento da igualdade e o bem-estar da população em geral. Em
meados de 1980, 1990, isso se reverte com as políticas liberais, e aí a
economia virou esse fetiche.
Belluzzo revela que o livro “O Capital no século XXI”, do economista
francês Thomas Piketty, “é muito interessante”. “Ele é muito bom economista no
manejo dos dados, foi perfeito”, afirma, sobre Piketty (Foto: Divulgação)
Fórum – O senhor citou algumas vezes conversas com o ex-presidente Lula.
Tem a mesma abertura que tinha com ele em relação à presidenta Dilma?
Belluzzo – É bom você ter perguntado isso. Cada um tem o seu estilo. Conheço o
Lula desde os anos 1970, temos uma trajetória juntos, sei como ele é. Ele gosta
de ouvir, mesmo que não concorde com você. Fui professor da Dilma no mestrado e
no doutorado, e ela sempre foi uma aluna muito aplicada, muito respeitosa. Não
é por isso que me darei ao direito de dar lições a ela. Quem foi eleita foi
ela, com 54 milhões de votos. Não vou ficar querendo dar pitaco. Se me
perguntar alguma coisa, eu falo.
Tenho grande carinho por ela, gosto dela, mas acho que está em uma
situação muito difícil. Mas torço muito. Me convidou para ir à posse, não pude
comparecer, mas mandei a ela um e-mail, que ainda não respondeu [risos].
Torço muito para que dê certo. Quando falo sobre a recessão e as dificuldades,
não estou torcendo contra. No Palmeiras, por exemplo, tem gente que torce
contra. Mas pode aparecer o diabo lá que torço a favor. Não me interessa quem é
o presidente, quero que o time ganhe. Vou torcer para que dê errado, as pessoas
sofram, ela se dê mal? Até porque, mal ou bem, nos últimos 50 anos, quem tentou
promover a ascensão dos debaixo foi o PT, com todos os seus erros – e erros
enormes –, mas foi o PT que fez. É o progressismo que nós temos.
(Foto de capa: Glauco Faria)
Link: http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/01/belluzzo-regra-da-economia-de-hoje-e-o-povo-que-se-lixe/
Nenhum comentário:
Postar um comentário