RETROCESSO SOCIAL
Gestão Pública Privativista afasta Nova Central e CTB da
mesa quadripartite sobre terceirização
No Estado Social de Direito é preponderante a intervenção do
Estado na solução dos conflitos resultantes entre os interesses contrariados do
Capital/Trabalho.
Com essa perspectiva, foi constituída uma mesa
quadripartite, objetivando o alcance de uma pactuação mais equilibrada nas
negociações das propostas dos trabalhadores, para a regulação autorizadora das
terceirizações no país.
Mas o equilíbrio nessas negociações foi rompido em
decorrência de o governo haver se bandeado ao lado dos patrões, apoiando uma
proposta inconcebível de se autorizar as terceirizações sem limites e para
todos os casos, meio e ou fim, precarizando, ainda mais, as relações de
trabalho entre o capital e o trabalhador, numa unidade de visão patrimonialista,
sem responsabilidade social, entre o capital
e o Estado, negativando o histórico papel do Estado garantidor da
prevalência do social e das garantias do papel social do capital na promoção do
trabalho digno e de qualidade, em meio-ambiente laboral, livre de riscos de
acidentes e ou de adoecimentos ocupacionais.
Diante dessa crua realidade, onde
o próprio Estado se alia aos interesses patrimonialistas, sem responsabilidade
social, sem atendimento das propostas encaminhadas pelas Centrais Sindicais,
decidiu a Nova Central e CTB pelo afastamento da mesa quadripartite sobre
terceirização, mantendo a disposição de luta contra esse retrocesso social,
pugnando pela mobilização social e a unidade da classe trabalhadora e dos
membros integrantes das respectivas representações dos trabalhadores para os
atos de resistência democrática, incluindo convite a todos para participação à grande mobilização nacional de resistência que
está sendo convocada, na certeza de que
juntos em unidade de sentimentos e de propósitos e na solidariedade, venceremos mais essa batalha no seguimento transitório e histórico do
qual fazemos parte como movimento sindical.
Of. NCST Nº 038/2013
Brasília (DF), 09 de Agosto de 2013.
Prezados Companheiros,
Como é de conhecimento público, a Nova Central e CTB se afastaram da mesa quadripartite sobre terceirização. Entendemos ser um processo negocial cuja essência se efetiva como concessivo dos direitos trabalhista e social das classes trabalhadoras, já que as propostas apresentadas pelas centrais não haviam sido consideradas até o momento dessa cisão (06/08/2013), demonstrando, assim, franca renúncia às deliberações e princípios políticos e históricos contra a terceirização originários, num primeiro plano, nas bases, razão pela qual se tornou impossível permanecer com tratativas, que entendemos negativas aos valores fundamentais de nossa representação.
Presentes nessa tentativa de negociação porque acreditávamos no papel histórico do Estado nessa relação, no entanto a partir do momento que o governo apresenta sua proposta e deixa explícito que também acompanha o legislativo (relator) em seu substitutivo ao PL 4330, já anunciado como fidedigna representação da proposta dos patrões, qualquer possibilidade de equilíbrio na correlação de forças em favor das classes trabalhadoras estava sendo rompida. Naquele momento estava sinalizado que todo acumulo histórico de resistência à terceirização, seja do sindicalismo, do Ministério Público e do judiciário se encontrava em risco. Prevalecia outra lógica. Amenizar o contencioso, legalizar o ilegal, garantir o superávit e ajustar as contas públicas como papel do Estado, por uma política de governo, à custa da precarização das condições de trabalho em todas as suas dimensões.
A Nova Central, sintonizada com seus princípios e com
respaldo de suas bases, disse, de fato, verdadeiramente, não ao PL 4330 e a
qualquer outro projeto que sinalize a terceirização, ou seja, a precarização
das relações de trabalho, repetimos, em todas as suas dimensões.
Não é fato desconhecido que a busca da "tão dita segurança jurídica", está é patente a insegurança no emprego, a ampliação da rotatividade, o tratamento desigual e discriminatório entre os trabalhadores com a pulverização da ação sindical quando se transfere grande contingente de empregados diretos para prestadoras de serviços especializadas ou não, descaracterizando a identidade de classe dos trabalhadores e desmobilizando qualquer possibilidade de movimentos de pressão e resistência.
Temos a total convicção de que é fundamental que esse
processo não tenha a presença ou a chancela das centrais ou de qualquer
entidade sindical de trabalhadores. Negar, contrapor veementemente a esse
processo é imprescindível à manutenção das condições de dignidade no trabalho.
A Nova Central considera que a expressão do que se apresenta em negociação não condiz com a realidade do que precisa ser regulamentado como trabalho digno em todos seus espaços de produção e serviço. Por isso, destacamos que se trata de um impasse irreversível. Nesse momento estamos diametralmente em lados opostos: trabalhadores e a proposta consolidada dos patrões, governo e relator, Deputado Arthur Maia, que apresentou substitutivo ao PL 4330 do Deputado Sandro Mabel, acerca da regulamentação do processo de terceirização, do qual, de um modo geral, se aprovado, podemos dizer que:
1. Dissolve o Direito do Trabalho ao desconstruir direitos sociais consagrados na CLT e na Constituição, consequentemente há a redução de salários e de benefícios sociais dos trabalhadores como meio de sobrevivência;
2. Torna lícito todo contrato de prestação de serviço
terceirizado;
3. Acaba com a atividade fim, podendo, assim, terceirizar
qualquer atividade;
4. Permite a subcontratação de empresas (quarteirização...);
5. Acaba com a responsabilidade solidária da empresa contratante; Estimula, possibilita e dá sustentação às cooperativas de todas as naturezas;
6. Consagra de vez a PJotização;
7. Possibilita à fragmentação continuada das empresas, partindo do pressuposto concessivo de novas empreiteiras e terceirizadas integralizarem seu capital em 30 dias, tornando possível o interesse empresarial de criar fácil e habilmente suas próprias empresas terceirizadas, precarizando, acintosamente, sob a tutela da lei;
8. Retira a fiscalização e a vigilância, que é papel do
Estado, relativizando-as ao delegar para as empresas contratantes esse papel,
piorando drasticamente as condições de saúde e segurança no trabalho, mais
ainda dos terceirizados, o que significa mais doenças, mutilações e mortes com
a incidência ascendente da degradação e dos acidentes entre estes
trabalhadores;
9. Fragiliza os vínculos formais de trabalho, uma vez que estimula muito mais a rotatividade, hoje já em níveis alarmantes, ao tornar mais hipossuficiente o trabalhador na relação capital trabalho, além de empregos precários e transitórios reféns da lógica e movimentos exclusivamente de mercado; dentre outros.
Não temos dúvida de que tanto a presidente Dilma quanto o
Congresso Nacional (nessa legislatura), sendo PL 4330 ou seu substitutivo
aprovado, se consagrarão na história do Brasil como partes comuns e daqueles
que revogaram a CLT e os direitos sociais das classes trabalhadoras.
Assim, na tentativa de que também se manifestem radicalmente
contrários às posições apresentadas nas propostas consolidadas pelo patrão,
governo e relator, porque sustentam a flagrante ameaça de um acordo totalmente
lesivo às classes trabalhadoras, é fundamental que intensifiquem a luta
manifestando-se junto aos seus parlamentares contra a terceirização e o PL
4330.
Está na agenda do Congresso a votação do substitutivo ao PL
4330 para os dias 13 e/ou 14 de agosto de 2013. Conclamamos todas as entidades
filiadas que se juntem a nós para uma grande mobilização nessas datas.
Na certeza de que juntos venceremos mais uma batalha no seguimento transitório e histórico do qual fazemos parte como movimento sindical, desde já antecipamos nossos agradecimentos.
É urgente nossa decisão e emergente nosso ato.
Atenciosamente,
JOSÉ CALIXTO RAMOS
Presidente da NCST
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