Felipe Caliendo,
Presidente da ACAT-SC, Associação Catarinense de Advogados Trabalhistas, Diretor
da ALAL e Membro Integrante da CNDS, CF, é acolhido no rol dos membros
associados ao IAB - Instituto dos Advogados Brasileiros, sede no RJ, tendo
tomado posse em data de 11 de abril de 2011, por ocasião da realização da 70ª
Sessão Ordinária do IAB
leia a íntegra do discurso de posse no IAB do Dr. Felipe Iran Caliendo
Senhor Presidente,
Ilustres Consócios do
Instituto dos Advogados Brasileiros,
Eminentes Juristas, Doutoras
e Doutores
Senhoras e Senhores.
Registro
por primeira importância da honra em ser acolhido nesta Casa de virtudes
democráticas e avançada cultura jurídica.
E
inicio confessando que não poderia receber maior honraria do que ser indicado
para pertencer ao Instituto dos Advogados Brasileiros, Casa da Excelência do
pensamento jurídico contemporâneo e de elevado sentimento social e democrático.
Enfim,
é a maior outorga que um advogado pode almejar.
Outro
registro que se impõe é que não se trata de um discurso. Como já titulado por Gabriel García Marquez em um de seus
livros (2010) Eu Não Vim Fazer Um Discurso, mas registros importantes e
também agradecimentos.
Dentre
infindáveis registros ou artigos importantes, me pareceram sobressair algumas
reflexões sobre o momento histórico-cultural vivenciado nas relações de
trabalho e a revolucionária tecnologia, quase sempre disruptiva, pelos avanços
na nanotecnologia, na manipulação atômica, na robótica e o avassalador tsunami
das cloud computing do mundo virtual.
Por
interessante, a expressão “inovação disruptiva”, criada por Clayton Christensen, da Harvard
Business Scholl, refere-se à introdução de novas modalidades de tecnologias ou
serviços que imediatamente tornam obsoletos o serviço ou produto até então
utilizado. O exemplo que ora se socorre é o telefone celular que não pára de se
reinventar e incorporar novas funções ou recursos, tornando obsoleto o modelo
anterior.
O
homem, neste caso o cidadão trabalhador, é impelido ao bojo de um novo meio
social, agora de massa, e cujos vícios estruturais se fazem presentes através
da centralização do poder em poucas corporações econômicas – não mais no
Estado, e na arregimentação e lineamento do trabalhador pela manipulação e o
cerceamento do exercício de direitos da primeira e segunda geração, como bem
exemplifica o Prof. Dr. Luis Salvador
quando trata sobre os rumos à edificação de uma Constituição social
supra-nacional, asseguradora da livre circulação dos trabalhadores numa
sociedade planetária de inclusão e sem fronteiras.
Com efeito, na oligarquia do
capital tecnocrata não há preocupações com o meio ambiente, desenvolvimento
sustentável ou com os valores humanos, apenas produções maciças e de baixo
custo é que interessa. É o que importa.
Ortega y Gasset, tratando das questões dos valores, entende por
primordial o conhecimento do homem do mundo sócio-econômico-ambiental que o
contorna. Segundo ele quando o cidadão ignora o papel dos valores e fica
distante de perceber o que está acontecendo à sua volta, torna-se um mero
número na massa.
Assim
e numa visão orteguiana, as massas trabalhadoras reduzidas pelas técnicas
comportamentais são confinadas a uma vida meramente vegetativa – do trabalho
para casa e vice-versa, onde seu devir se espraie num “brief new word” ao
melhor estilo de 1984 de George Orwell
ou do Admirável Mundo Novo de Huxley.
O homem torna-se despolitizado e sem ideologias.
Como
contrapor-se a esta crise existencial? Qual a proposição jurídico-humanista
para realinhar tais disparidades?
A
melhor resposta poderá ser construída nesta Casa de Excelência, pois é ela independente, tem envergadura moral e história de luta
pelos direitos naturais, individuais e coletivos, pelas garantias
constitucionais, pelo Estado Democrático de Direito, como expressado pela agora colega Filippina Cavalcanti em seu recente discurso
de empossamento.
Quiçá,
advogarmos por um direito supralegal ou supranacional?
Lembro
a todos: Há a necessidade de proclamar, a cada momento, que esta Casa tem
envergadura para plantar eco idéias, assim como tem um compromisso histórico e
moral com a luta das liberdades e, também, com a preservação dos valores
fundamentais que protegem a essencial dignidade do trabalhador em sintonia com
a preservação do planeta, através da observância da sustentabilidade.
Enfim
os agradecimentos.
Ao
Construtor do Universo e meus saudosos pais, por me permitir existir e pensar.
A
Dra. Moema Baptista, exemplo de mulher guerreira e a ativa realizadora deste
momento. Beijo suas mãos com gratidão por trazer-me a este Templo do Direito e
a promessa que não lhe farei vergonha, pois sempre honrarei a nobreza da sua
indicação.
A
Comissão de Admissibilidade e ao Relator e a todos demais membros que
sustentaram em votos minha admissibilidade, quero registrar, uma vez mais, os
meus agradecimentos pelo honroso acolhimento e pelo privilégio de doravante compartilhar
das suas reflexões em torno do gravíssimo tema concernente aos direitos básicos
dos trabalhadores.
A
Mayra, meu sustentáculo de quase meio século. Esposa amada, amiga, mãe, e profissional
competente no âmbito do Direito Laboral.
As
minhas filhas Dra. Mirela e Dra. Milena, também advogadas intransigentes com a
ética profissional, com o denodo no mister da advocacia e o respeito aos
colegas, aos magistrados e serventuários.
Amigos
e colegas pela ausência motivada por trabalhos, estudos, etc..
Enfim,
a todos, o meu muito, muito obrigado.
Felipe Iran Caliendo
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