Eis porque dizem que o dólar pode acabar em 2 ou 3 anos
|
Há
exatamente 70 anos, do dia de hoje, centenas de delegados de 44 nações
estavam aferrados ao trabalho, em Bretton Woods, no pequeno estado americano
de New Hampshire, para criarem um novo sistema financeiro para o mundo livre.
A II Guerra Mundial tinha acabado de terminar e a Europa estava em ruínas.
E,
uma vez que os EUA eram, simultaneamente, a maior economia do mundo, o
principal vencedor da guerra, e a única grande potência com sua capacidade
produtiva intacta, não foi difícil para os americanos ditarem seus termos: o
dólar iria dominar o novo sistema financeiro mundial. Cada nação passaria a
acumular dólares como moeda de reserva primária, e o dólar seria trocado por
ouro a razão de 35 dólares por onça do metal. Além disso, o comércio global
seria realizado e liquidado em dólares e esses assentamentos abririam através
do sistema bancário dos EUA.
Naturalmente,
isso criou uma demanda substancial de moeda americana por governos
estrangeiros que precisavam começar a acumular dólares para garantir suas
reservas e equilibrar o comércio internacional. Assim, através de uma
variedade de programas, desde o Plano Marshall ao FMI e o Banco Mundial, os
EUA começaram a inundar o mundo com dólares.
Inicialmente
tudo correu conforme o planejado. Mas logo o governo dos EUA percebeu que
algo importante na demanda estrangeira pelo dólar foi tão forte que eles
passaram a impressão de ter mais dólares do que tinham em ouro. Isto lhes
permitiu executar todos os tipos de déficits e iniciativas de gastos – mais
guerra, mais bem-estar, mais lixo... – tudo com responsabilidade mínima.
Inicialmente, as consequências foram insignificantes. Claro que o preço do
ouro em Londres foi alguns dólares mais elevado do que nos EUA (eles chamavam
isso de "janela do ouro"). Mas a demanda para o dólar ainda era
forte. Então, por que se preocupar em mudar, não é mesmo?
Em
1971, a situação já tinha ficado muito pior. Outra década de guerra e os
gastos excessivos, os déficits comerciais e a impressão de dinheiro sem
lastro já havia empurrado muitas nações estrangeiras para situações
pré-falimentares. As reservas em dólar das nações estrangeiras superaram as
participações do governo dos EUA em ouro. E, com a confiança em declínio,
muitos começaram a resgatar seus dólares por ouro.
Apenas
alguns dias depois disso, Richard Nixon pôs um fim a isso e rescindiu
unilateralmente a conversibilidade do dólar dos EUA ao ouro. Estava anulado o
padrão ouro como base de lastro do dólar no mundo.
Pense
agora sobre a magnitude dessa decisão: Nixon efetivamente deu "um calote
de colarinho branco" nas obrigações norte-americanas para com o resto do
mundo – uma traição completa de sua confiança e aos princípios do capitalismo
privado. No entanto, apesar de tal choque enorme redefinir o sistema
financeiro global, o dólar de alguma forma conseguiu manter-se a moeda número
um da reserva financeira do mundo.
Você
acha que os EUA deviam ter sido gratos, dando graças à sua 'estrela da sorte'
pelo fato de o resto do mundo lhes dar uma segunda chance? Mas não. Ao longo
dos últimos 43 anos, os EUA continuaram a imprimir, desvalorizar e
vilipendiar o dólar.
Depois,
outro democrata 'progressista', Bill Clinton, agravou muito mais as coisas
usando o incipiente capitalismo de estado americano para corromper todas as
medidas de segurança do mais poderoso sistema bancário do mundo e forçá-lo a
por em prática, ainda que de modo indireto, o distributivismo socialista de
crédito para que "todos os americanos pudessem adquirir, mesmo sem
poder, suas casas próprias e outras coisinhas mais típicas do 'sonho de
estilo de vida americano'".
A
bolha do subprime então cresceu vertiginosamente e explodiu na cara daqueles
que compraram os falsos papéis 'tóxicos' do Banco Central Americano, o FED,
mas que acabou gerando um tsunami no ambiente financeiro internacional cujas
consequências ainda não foram totalmente contornadas.
Ao
longo desse caminho, o FED criou outras bolhas não tão épicas e choques
financeiros não tão destrutivos que atingiram direta ou indiretamente todas
as demais nações do planeta. Essas nações, por sua vez, passaram a correr
atrás dos maiores déficits e atingir níveis de endividamento jamais vistos na
história do mundo. Brigavam internamente ao ponto de tentarem desligar seus
governos de suas economias. O bloco da União Europeia, que tentava se
transformar numa espécie de "Estados Unidos da Europa" empacou e
seus países membros voltaram a se aferrar aos seus nacionalismos
tradicionais. Bom isso, na medida em que o bloco voltou a ser apenas um bloco
econômico, para desânimo da Alemanha.
O
Congresso americano fez aprovar regulamentos dolorosamente arrogantes e que
forçaram o resto do mundo a embarcar, sob ameaças, em algo equivalente a um
homicídio financeiro. Puseram suas autoridades fiscais e valores mobiliários
para aterrorizar qualquer um que não fizesse negócios com os EUA ou que
passassem a fazer negócios com países desafetos dos americanos.
A
Casa Branca e o FED ignoraram totalmente os apelos estrangeiros para a reestruturação
do FMI e do Banco Mundial. Surraram os bancos estrangeiros com multas
recordes, simplesmente por fazer negócios com outras nações que não fossem os
EUA ou que os EUA não gostassem.
Acontece
que o lastro real para as emissões de moeda, em dólares, autorizadas pelo FED
americano, na verdade, era o montante da dívida dos demais países com
Washington, dívida essa que não poderia ser liquidada quer com dólares quer
com qualquer outro metal ou valor de mercadoria disponível, inclusive o
petróleo.
Assim
sendo, o Tesouro americano encontrou afinal uma "fórmula" para
receber essa dívida do resto do mundo: imprimir dólares. E apesar dos
trilhões impressos, acreditem, eles ainda têm muitos outros a receber do
resto do mundo, que ajudaram a conhecer a maior prosperidade de todos os
tempos: a ocorrida na segunda metade do século XX.
Os
países que hoje querem sair desse redemoinho financeiro, como os BRICS, se
esforçam para instituir um novo padrão financeiro para o mundo e para o
comércio internacional. Todavia, a dívida para com os americanos ainda é
grande demais e muitos não acreditam que conseguirão o que pretendem, mesmo
porque, com exceção da China, suas ambições extrapolam os limites do
econômico e invadem perigosamente o âmbito do político.
Em
todo o caso, desde a supressão do padrão ouro pela administração democrata de
Richard Nixon, qualquer tipo de calote pode ser considerado a partir desse
calote americano. O que não sabem é se podem arcar com as consequências
disso.
Se
isso for possível sem guerra, o dólar deverá desaparecer como padrão
monetário internacional em questão de dois a três anos. Caso contrário
continuará a financiar a "pax americana", como a maioria parece
desejar.
Na
verdade, procura-se uma nova Bretton Woods para o mundo atual... Mas o Grupo
de Bilderberg não parece disposto a incluir o tema em sua agenda.
|
domingo, 20 de julho de 2014
BRICS & Bretton Woods: Eis porque dizem que o dólar pode acabar em 2 ou 3 anos
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário