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Jornal do Terra
Olívio: verba pública é escassa e deve ir para quem precisa
Candidato ao Senado pelo PT-RS, ex-governador defende quebra de contrato com Ford e intervenção no transporte coletivo
- Letícia HeinzelmannDireto de Canoas"Não sou candidato de mim mesmo, assumi essa tarefa que não postulei, e eu faço em nome desse projeto"Foto: Luiz Munhoz / Ulbra TV"Tem que acabar com as renúncias fiscais", diz Olívio Dutra
O
postulante gaúcho ao Senado pela coligação PT-PCdoB-PTB, Olívio Dutra,
defendeu posições polêmicas tomadas em seus mandatos à frente da prefeitura de
Porto Alegre e do governo do Estado. Candidato de última hora, Olívio diz que
sempre esteve em campanha, embora não disputasse uma eleição desde 2006, quando
perdeu a corrida ao governo gaúcho. "Não sou candidato de mim mesmo,
assumi essa tarefa, que não postulei, não queria. Mas nas condições que as
forças políticas construíram eu não podia abdicar dessa missão, e eu faço em
nome desse projeto", disse, referindo-se às reeleições da presidente Dilma
Rousseff e do governador Tarso Genro, ambos do PT, na sabatina promovida em
parceria por Terra, Ulbra TV
e Sul21, nesta segunda-feira.
Ex-ministro do governo Lula - com que
chegou a dividir apartamento funcional durante seus mandatos como deputados
federais -, Olívio atribui o crescimento de seu nome nas redes sociais a
sua defesa da democracia, com ações como o Orçamento Participativo,
implementado na prefeitura da capital e no governo estadual. "Trabalhamos
as prioridades sem vaidade pessoal. A pressão sobre mim para assumir uma
candidatura vem de longe, da base do meu partido, e até de fora do Rio Grande.
Agora ela cresceu mais, através das redes, e até entre os partidos que
construíam essa unidade. O PCdoB, inclusive, abdicou da candidatura da
ex-senadora Emília Fernandes, grande quadro político. Fraternalmente,
militantemente me colocaram nessa situação; estou aqui portanto."
Caso Ford
O governo Olívio Dutra foi marcado por polêmicas com grandes indústrias, e seu partido não o indicou para reeleição no RS, optando por Tarso Genro, mas ele não vê seu mandato como conturbado e defende suas posições: "Não sinto que foi conturbado, foi um governo sério e republicano. Governei da maneira certa no meu entendimento, acertamos bem mais do que erramos, sempre em diálogo direto com a sociedade". Sobre as críticas do candidato do PDT à vaga de senador, Lasier Martins, de que teria cometido muitos erros, como "a expulsão da Ford", Olívio evitou rivalizar: "Não faço política individualizando, fulanizando", mas aponta que a quebra de contrato com a indústria automotiva tratou-se de "um belo debate, necessário e que não se esgotou".
O governo Olívio Dutra foi marcado por polêmicas com grandes indústrias, e seu partido não o indicou para reeleição no RS, optando por Tarso Genro, mas ele não vê seu mandato como conturbado e defende suas posições: "Não sinto que foi conturbado, foi um governo sério e republicano. Governei da maneira certa no meu entendimento, acertamos bem mais do que erramos, sempre em diálogo direto com a sociedade". Sobre as críticas do candidato do PDT à vaga de senador, Lasier Martins, de que teria cometido muitos erros, como "a expulsão da Ford", Olívio evitou rivalizar: "Não faço política individualizando, fulanizando", mas aponta que a quebra de contrato com a indústria automotiva tratou-se de "um belo debate, necessário e que não se esgotou".
"Governei
da maneira certa no meu entendimento, acertamos bem mais do que erramos, sempre
em diálogo direto com a sociedade"
Foto:
Luiz Munhoz / Ulbra TV
"E eu faço questão de enfrentar esse debate, que é o destino do dinheiro
público. O dinheiro público é escasso, e ele vai para quem? A nossa visão de
desenvolvimento pro País e pro Rio Grande é um desenvolvimento sustentável,
descentralizado, que valoriza as vocações locais (...) Então, se o dinheiro
público é escasso, ele não pode ir para quem já tem maior capacidade
competitiva, os poderosos nacionais ou internacionais. O dinheiro sendo escasso
tem que ser direcionado para quem mais precisa: são os pequenos, micros, médios
empreendedores, em todos os setores e regiões. Então, foi uma medida que eu me
orgulho de ter tomado junto com os partidos que compunham nosso governo,
inclusive essa candidatura (Lasier Martins), o partido dele fez parte do nosso
governo e ajudou a tomar essa decisão. Parece que ele se esquece que seu
partido foi governo, e não saiu do governo por isso."
Transporte coletivo
Outro tema polêmico foi a intervenção no transporte coletivo, quando administrou a cidade de Porto Alegre. "Dizem 'ele tomou decisões erradas quando foi prefeito, com a intervenção do transporte coletivo'. Que bom! E que bom que tivéssemos feito mais. Também não fui o primeiro, no passado, Leonel Brizola, Ildo Meneghetti também fizeram intervenções. Tem que pegar mais na raiz esse problema do transporte coletivo. Até acho que faltou maior radicalidade. Até hoje ainda tem questões sendo discutidas, que é exatamente os recursos oriundos da tarifa: quem administra, onde se aplica, o aperfeiçoamento do sistema, a cidadania na mobilidade urbana. Eu me orgulho das decisões que tive de tomar, e sempre foram decisões coletivas das forças políticas que compunham o governo, de forma republicana e democrática. Temos que aperfeiçoar a democracia com mais democracia."
Outro tema polêmico foi a intervenção no transporte coletivo, quando administrou a cidade de Porto Alegre. "Dizem 'ele tomou decisões erradas quando foi prefeito, com a intervenção do transporte coletivo'. Que bom! E que bom que tivéssemos feito mais. Também não fui o primeiro, no passado, Leonel Brizola, Ildo Meneghetti também fizeram intervenções. Tem que pegar mais na raiz esse problema do transporte coletivo. Até acho que faltou maior radicalidade. Até hoje ainda tem questões sendo discutidas, que é exatamente os recursos oriundos da tarifa: quem administra, onde se aplica, o aperfeiçoamento do sistema, a cidadania na mobilidade urbana. Eu me orgulho das decisões que tive de tomar, e sempre foram decisões coletivas das forças políticas que compunham o governo, de forma republicana e democrática. Temos que aperfeiçoar a democracia com mais democracia."
"A desmilitarização é
uma necessidade", diz Olívio Dutra
Dentro dessa lógica, Olívio elogia os
protestos que tomaram conta do País no último ano, motivados justamente pelas
tarifas do transporte, mas frisa que é contra qualquer tipo de depredação de
patrimônio público ou privado, o que chama de "rebeldia sem causa".
Porém, também critica a lei antiterrorismo que tramita no Congresso. "Essa
lei está equivocada e foi feita muito em cima de emoções, e eu acho que não é
assim que se resolve o problema, dando aspecto de criminalização do movimento
social." O candidato diz achar "importante que o povo tenha ido às
ruas" e defende que a "democracia é a convivência de contrários, mas
de forma civilizada". Para isso, defende "uma polícia bem
formada, bem articulada, com quadros profissionais, agindo não com base na
repressão", e afirma: "Sou pela desmilitarização das polícias. É uma
discussão importante que a gente quer levantar num mandato no
Senado".
"A
nossa visão de desenvolvimento pro País e pro Rio Grande é um desenvolvimento
sustentável, descentralizado, que valoriza as vocações locais"
Foto:
Luiz Munhoz / Ulbra TV
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