Mobilização Social
A mobilização social por meio do exercício do
direito de greve também foi tema do III Congresso. Essa questão foi mais
latente na mesa que debateu a greve dos professores do Paraná, deflagrada em 7
de fevereiro deste ano. Foram episódios como a ocupação da Assembleia
Legislativa com 50 mil pessoas e assembleia estadual para a continuidade da
greve com 25 mil participantes.
Um dos fatos mais impressionantes foi o relato de
Marlei Fernandes e o vídeo apresentado pelo professor da Faculdade de Direito
da Universidade Federal do Paraná – UFPR, Sidnei Machado, sobre o ataque que os
servidores sofreram no Centro Cívico, em Curitiba/PR, em 29 de abril, quando
protestavam contra pacote do governador Beto Richa, que reduzia direitos em
prol de uma redução de gastos públicos, em votação na Assembleia Legislativa.
As imagens mostravam pessoas feridas e bombas de gás lacrimogêneo sendo jogadas
por helicópteros.
“Nós travamos uma guerra em praça pública. Foram
4 horas ininterruptas de bomba, de gás, de ataque, de baterem nas pessoas e
você não poder voltar para pega-las. Hoje 90% da população do Paraná nos
apoiou. Eles culpabilizam o governo. Houve queda da popularidade de 83% em
dezembro para 9% após a greve. Os estudantes nos dizem que aprenderam conosco a
lutar pelos direitos. Vamos repor o ano escolar e isso vale o ano”, contou a
presidenta do Fórum dos Servidores e secretária de finanças do Sindicato dos
Trabalhadores em Educação Pública do Paraná - APP, Marlei Fernandes.
O professor da UFPR, Sidnei Machado, também falou
sobre o tribunal ético que realizaram em 9 de maio na universidade para julgar
os fatos ocorridos em 29 de abril. “É uma das greves mais importantes do ano e
traz conjunto de questões para pensar o direito de greve. As intervenções do
governador desqualificando o movimento caracterizam a negação do direito de
greve. Ele buscava as liminares do interdito proibitório. O Judiciário dizia
que a greve era ilegal”, relatou Machado. Em uma das decisões, mesmo
reconhecendo que a greve era legítima e pautada na legalidade, o juiz
determinou que a greve acabasse.
Outro caso de interdito proibitório citado por
Edson Silva, da Intersindical, foi a greve dos metroviários de São Paulo,
chegando-se a demitir trabalhadores, que não foram recontratados. Já Márcio
Kieller, secretário geral da CUT/PR, destacou que é importante lutar pela
democratização dos meios de comunicação e que as redes sociais deram
visibilidade ao movimento social no Paraná.
A mobilização social pela internet também esteve
na fala do professor adjunto da Universidade Federal do ABC, Sérgio Amadeu. Ele
defendeu a garantia de liberdade de expressão na rede e o direito à privacidade
e aos nossos dados, o que vai contra os interesses das grandes corporações.
Isso porque o capitalismo depende dessas informações para oferecer produtos em
tempo real.
Amadeu também destacou a importância da Lei do Marco Civil da Internet e apontou as limitações do
Facebook: “Ele permite que apenas uma parte veja, para mais verem, é preciso
pagar. É uma censura. Temos pouco espírito crítico. A internet livre está sob
ataque. Quando a presidente diz que fará pacto com o Facebook, isso é dar
acesso a uma corporação e viola a neutralidade da rede”.
Guilherme Boulos, filósofo e membro da
Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, por sua vez,
criticou a Agenda Brasil, apontando a necessidade de se construir uma saída
popular, que venha debaixo. Outro aspecto retratado em sua fala foi a questão
da moradia.
“É preciso pensar uma política urbana de
enfrentamento à especulação imobiliária. Nossas cidades são marcadas por muros.
De um lado, o centro rico, de outro, a periferia, da segregação, onde o poder
público não entra. É preciso trazer a periferia para o centro, com pessoas de
lá ocupando os imóveis ociosos, e o centro para periferia, levando para lá
serviços sociais”, defendeu Boulos.
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