sábado, 5 de setembro de 2015

III CONGRESSO, um breve resumo do que foi a oficina realizada em SP sobre a relevantíssima temática, MOBILIZAÇÃO SOCIAL, realizada no dia 26 de agosto de 2015




Mobilização Social

A mobilização social por meio do exercício do direito de greve também foi tema do III Congresso. Essa questão foi mais latente na mesa que debateu a greve dos professores do Paraná, deflagrada em 7 de fevereiro deste ano. Foram episódios como a ocupação da Assembleia Legislativa com 50 mil pessoas e assembleia estadual para a continuidade da greve com 25 mil participantes.

Um dos fatos mais impressionantes foi o relato de Marlei Fernandes e o vídeo apresentado pelo professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Paraná – UFPR, Sidnei Machado, sobre o ataque que os servidores sofreram no Centro Cívico, em Curitiba/PR, em 29 de abril, quando protestavam contra pacote do governador Beto Richa, que reduzia direitos em prol de uma redução de gastos públicos, em votação na Assembleia Legislativa. As imagens mostravam pessoas feridas e bombas de gás lacrimogêneo sendo jogadas por helicópteros.

“Nós travamos uma guerra em praça pública. Foram 4 horas ininterruptas de bomba, de gás, de ataque, de baterem nas pessoas e você não poder voltar para pega-las. Hoje 90% da população do Paraná nos apoiou. Eles culpabilizam o governo. Houve queda da popularidade de 83% em dezembro para 9% após a greve. Os estudantes nos dizem que aprenderam conosco a lutar pelos direitos. Vamos repor o ano escolar e isso vale o ano”, contou a presidenta do Fórum dos Servidores e secretária de finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná - APP, Marlei Fernandes.

O professor da UFPR, Sidnei Machado, também falou sobre o tribunal ético que realizaram em 9 de maio na universidade para julgar os fatos ocorridos em 29 de abril. “É uma das greves mais importantes do ano e traz conjunto de questões para pensar o direito de greve. As intervenções do governador desqualificando o movimento caracterizam a negação do direito de greve. Ele buscava as liminares do interdito proibitório. O Judiciário dizia que a greve era ilegal”, relatou Machado. Em uma das decisões, mesmo reconhecendo que a greve era legítima e pautada na legalidade, o juiz determinou que a greve acabasse.

Outro caso de interdito proibitório citado por Edson Silva, da Intersindical, foi a greve dos metroviários de São Paulo, chegando-se a demitir trabalhadores, que não foram recontratados. Já Márcio Kieller, secretário geral da CUT/PR, destacou que é importante lutar pela democratização dos meios de comunicação e que as redes sociais deram visibilidade ao movimento social no Paraná.

A mobilização social pela internet também esteve na fala do professor adjunto da Universidade Federal do ABC, Sérgio Amadeu. Ele defendeu a garantia de liberdade de expressão na rede e o direito à privacidade e aos nossos dados, o que vai contra os interesses das grandes corporações. Isso porque o capitalismo depende dessas informações para oferecer produtos em tempo real.

Amadeu também destacou a importância da Lei do Marco Civil da Internet e apontou as limitações do Facebook: “Ele permite que apenas uma parte veja, para mais verem, é preciso pagar. É uma censura. Temos pouco espírito crítico. A internet livre está sob ataque. Quando a presidente diz que fará pacto com o Facebook, isso é dar acesso a uma corporação e viola a neutralidade da rede”.

Guilherme Boulos, filósofo e membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto – MTST, por sua vez, criticou a Agenda Brasil, apontando a necessidade de se construir uma saída popular, que venha debaixo. Outro aspecto retratado em sua fala foi a questão da moradia.

“É preciso pensar uma política urbana de enfrentamento à especulação imobiliária. Nossas cidades são marcadas por muros. De um lado, o centro rico, de outro, a periferia, da segregação, onde o poder público não entra. É preciso trazer a periferia para o centro, com pessoas de lá ocupando os imóveis ociosos, e o centro para periferia, levando para lá serviços sociais”, defendeu Boulos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário