Barragem teve vazamento de 1 milhão de m³
de rejeitos
Procuradoria de Minas Gerais diz que o novo
deslizamento de lama da barragem da Samarco em Mariana é mais grave do que a
empresa admite
NOVO DESLIZAMENTO DE LAMA DA
BARRAGEM DO FUNDÃO, EM MARIANA (MG), PODE TER DESLOCADO MAIS DE UM MILHÃO DE
METROS CÚBICOS DE REJEITOS DA MINERADORA SAMARCO (FOTO: REPRODUÇÃO/TV GLOBO)
Oprocurador da República em Minas Gerais, Edmundo
Antônio Dias Netto Júnior, afirmou nesta quinta-feira (28), que o novo
deslizamento de lama da barragem da Samarco em Mariana é mais grave do que a
empresa admite e prova que a mineradora não tem condições de garantir a
segurança ambiental e da população.
Conforme dados da Comissão das
Barragens, da Assembleia Legislativa de Minas, 1 milhão de metros cúbicos de
rejeitos de minério de ferro vazaram de Fundão na quarta-feira. A estrutura se
rompeu em 5 de novembro, deixando 17 mortos e dois desaparecidos.
Segundo o
responsável pela área de licenciamento da Samarco, Marcio Perdigão, e o
engenheiro da empresa, José Bernardo Vasconcelos, as estruturas da empresa não
oferecem risco e seguem sendo monitoradas. A Samarco afirma ainda que o
material que deslizou era "remanescente" de Fundão e não ultrapassou
a barragem de Santarém. Para o procurador, o plano de emergência da Samarco
precisa ser reavaliado.
O plano
atual foi enviado pela empresa à justiça de Minas Gerais nesta quinta-feira,
28. O documento foi solicitado dentro de ação movida contra a Samarco pelo
Ministério Público Estadual (MPE). O material deveria ter sido entregue há
cerca de 15 dias. À época, no entanto, a empresa entregou plano considerado
"insuficiente" pelos promotores. A multa por dia de atraso é de R$ 1
milhão.
Fevereiro
Segundo o
promotor de Meio Ambiente do MPE, Daniel Ornelas, que também participou da
reunião da Comissão de Barragens da Assembleia, o encerramento das
investigações sobre o rompimento da barragem da Samarco deve acontecer até o
final de fevereiro. O promotor afirmou que ainda não teve contato com o novo
plano de emergência, conhecido como "dam break".
O material
prevê basicamente os impactos que podem ocorrer no meio ambiente e em áreas
urbanas que possam ser atingidas em caso de novos rompimentos de estruturas.
Manifestação
Atingidos
pela lama da Samarco na tragédia de 5 de novembro protestaram nesta quinta
durante a reunião da Comissão de Barragens da Assembleia. Ex-moradores de Bento
Rodrigues, localidade mais atingida pela enxurrada de lama, acreditam que a
discussão do plano de emergência que a União e o Estado de Minas Gerais fazem
com a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Biliton, pode prejudicar acordos
locais que estão sendo fechados pelo Ministério Público em Mariana.
O plano de
emergência está sendo discutindo dentro da ação de R$ 20 bilhões movida pelos
governos federal, de Minas e Espírito Santo contra as três empresas. O
advogado-geral de Minas Gerais, Onofre Alves Batista Júnior, disse que nenhum
acerto feito anteriormente será prejudicado.
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2/4 SLIDES © Fornecido por Estadão
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Piezômetros instalados na barragem da Samarco que ruiu no município de Mariana, em 5 de novembro, já apontavam instabilidade da represa em dezembro de 2014. A informação foi dada pelo projetista da estrutura, Joaquim Pimenta de Ávila, em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE). A empresa nega problemas.
Os piezômetros são equipamentos que medem a pressão que a água pode exercer dentro da barragem. Na queda da represa, rejeitos de minério de ferro atingiram o distrito de Bento Rodrigues, que foi destruído. Dezessete pessoas morreram e duas estão desaparecidas.
A instalação dos piezômetros foi uma recomendação feita pelo projetista da represa, que também trabalhou como consultor tanto para a barragem de Fundão, que ruiu, como para a de Germano, que hoje passa por reforço. No depoimento, Ávila afirma que teve contato com “seus resultados (dos piezômetros) em dezembro de 2014” e “estes resultados ainda não atendiam às condições ideais de estabilidade”.
Depois de tomar conhecimento dos resultados, o consultor afirma ter alertado a Samarco sobre a necessidade do reforço de aterros, como, nesse caso, são chamadas obras para, no jargão do setor, “travar o pé da barragem” para evitar queda. Em 2014, do relatório anual que a empresa é obrigada a apresentar à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) sobre as condições técnicas de represas, o documento relativo à Fundão, assinado pelo engenheiro Paulo Goulart Gontijo, constam 11 recomendações. Entre as quais pedidos para reparação de “trincas nas canaletas já existentes”. O laudo é de 21 de agosto. O documento atestava que a barragem estava em condições de funcionamento.
Sem advertências. Procurada, a Samarco informou que “o consultor Joaquim Pimenta de Ávila jamais advertiu sobre risco de rompimento da barragem”. “Joaquim Pimenta de Ávila, inclusive, inspecionou a barragem do Fundão em setembro de 2014, tomou conhecimento das providências adotadas pela Samarco em relação às recomendações e não apresentou qualquer advertência sobre a barragem nessas oportunidades”, informou em nota.
A empresa disse ainda que “o manual de operações da barragem de Fundão elaborado pelo consultor Joaquim Pimenta de Ávila sempre foi observado pela Samarco, assim como foram consideradas todas as suas recomendações técnicas”. Também segundo a mineradora “os instrumentos de monitoramento da barragem de Fundão indicavam sua estabilidade em todas as seções, até a surpreendente ruptura abrupta”.
“Por fim, é lamentável que a principal fonte de especulações sobre riscos e causas do acidente seja o próprio projetista e consultor da barragem do Fundão por cerca de uma década. Não parece crível que o próprio autor de várias inspeções, relatórios e recomendações técnicas que serviram de base para toda a operação da barragem esteja simplesmente a negar a excelência que deveria marcar seu trabalho.”
A lama com os dejetos do Rio Doce entrou no mar e segue pelo Oceano Atlântico. Por causa do risco de contaminação, várias praias de Linhares, no Espírito Santo, foram interditadas pela prefeitura.
Fiscalização. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado de Minas (Siticop-MG) pediu nesta terça-feira, 26, à Delegacia Regional do Trabalho (DRT-MG) que faça fiscalização na unidade da Samarco em Mariana. Conforme o presidente da entidade, José Antônio da Cruz, não existem hoje informações sobre o grau de insalubridade em áreas da empresa, por causa dos rejeitos de minério de ferro que vazaram da barragem de Fundão. “A lama tem química. Ninguém sabe ao certo qual a situação lá”, disse José Antônio.
O sindicato representa funcionários que trabalham, por exemplo, na retirada de lama de estradas utilizadas dentro da planta e em obras realizadas na estrutura das barragens, conforme o presidente do Siticop. São representados pelo sindicato, por exemplo, os funcionários de empresas terceirizadas que morreram no rompimento de Fundão.
No dia 5 de novembro, uma barragem da mineradora Samarco se rompeu no município de Mariana, Minas Gerais, causando uma das maiores catástrofes ambientais do país e que pode levar uma década para se recuperar
Link: http://www.msn.com/pt-br/noticias/meio-ambiente/aparelho-teria-indicado-risco-de-rompimento-de-barragem-em-mariana/ar-BBoL3em?ocid=spartandhp
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