sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

DIREITO À MANIFESTAÇÃO & DELIMITAÇÃO DE PERCURSO: PM dispersa protesto do MPL na Paulista com bombas de gás


Jornal do Terra

MPL "fura" reunião para discutir trajeto de protestos em SP

Representantes do Movimento Passe Livre (MPL) não compareceram à reunião marcada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para tratar das manifestações nas vias públicas da capital paulista. Além de integrantes do MP, participaram do encontro representantes da Secretaria Estadual de Segurança Pública e da prefeitura de São Paulo. Uma nova reunião ficou marcada para a próxima segunda-feira (18). A ideia do MP é mediar uma conversa entre os manifestantes e as autoridades para chegar a um acordo sobre os trajetos dos protestos.
Jovem ficou ferido durante protesto contra aumento das passagens de transporte coletivo na terça-feira
Foto: Agência Brasil
Segundo o procurador-geral de Justiça do estado, Márcio Elias Rosa, nenhum representante do MPL apresentou justificativa para a ausência, por isso o Ministério Público decidiu remarcar a reunião, porém conversando primeiro com MPL e depois com as autoridades. Caso seja necessário, uma reunião conjunta poderá ser marcada.
“Nada deve impedir a mediação e o diálogo, por isso promovemos esse convite para uma segunda rodada de negociação. As representações podem comparecer para conhecermos o que eles supõem [ser] justo ou adequado e em seguida conversaremos com município e o estado. Já conhecemos o posicionamento do prefeito e do governador, agora precisamos ouvir o posicionamento do movimento”, disse Márcio Elias Rosa.
De acordo com o procurador-geral, a ausência de representantes do MPL não deve ser vista como uma recusa ao diálogo, porque o comunicado foi feito na tarde de ontem (13). “Eles não terem comparecido hoje não quer dizer que não venham na segunda-feira ou em outra ocasião. Mas não há como mediarmos um diálogo se alguma das partes não quiser. É essencial que todas as partes exponham suas ideias.”
Ontem (13), o secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, disse que a polícia vai definir o trajeto de manifestações se não for informada previamente sobre o percurso. À Agência Brasil, a representante do MPL Luize Tavares disse que o movimento não participou da reunião de hoje porque considera que os próprios integrantes do MPL devem decidir o trajeto das manifestações. "Vamos decidir [o percurso] e comunicar à polícia durante a concentração do ato", afirmou Luize.
O Movimento Passe Livre fará hoje (14), no fim da tarde, na capital paulista, duas manifestações simultâneas contra o aumento das tarifas do transporte coletivo público. Os atos terão início às 17h, em frente ao Theatro Municipal, no centro da cidade, e no Largo da Batata, ao lado do metrô Faria Lima, na região oeste.

A polícia de São Paulo vai definir o trajeto das manifestações se não for informada do percurso com antecedência
Foto: Agência Brasil

Abusos em protestos
O procurador-geral Márcio Elias Rosa ressaltou que o MP atuará para verificar os abusos cometidos durante os atos, seja de civis ou policiais. “O direito à manifestação deve ser respeitado. O que não é tolerável é o cometimento de crime. Precisamos demonstrar a responsabilização de todos aqueles que praticam abuso. A população não pode ser penalizada nem perder o direto de manifestação.”
O secretário estadual de Segurança Pública lamentou a ausência do MPL no encontro de hoje e relatou que o próprio órgão entrou em contato com o grupo para marcar uma reunião para as 18h de ontem e depois para as 9h de hoje. Depois, suspendeu a reunião por causa do encontro proposto pelo Ministério Público. “Houve o convite da secretaria e os representantes disseram que levariam a questão para assembleia para uma reunião ontem que foi recusada devido ao horário. Remarcamos para hoje e suspendemos para que todos pudessem estar presentes aqui”, afirmou Moraes.
Alexandre de Moraes reiterou que a Constituição é inegociável garantindo o direito à manifestação, desde que seja feita a prévia comunicação e com a proibição do porte de armas. “Deve haver prévia comunicação para que as autoridades de trânsito, transporte e segurança possam adequar o local para garantir o direito de milhões de transitarem livremente e não serem prejudicados. Se não formos comunicados sobre o trajeto, vamos delimitar o local”, reafirmou.
O secretário disse também que a ação da Polícia Militar (PM) na manifestação de terça-feira (12) foi absolutamente necessária porque os manifestantes se negaram a fazer o trajeto determinado pela PM. “Na terça-feira, houve negociação por mais de uma hora e meia para que eles fossem pela Rua da Consolação. Eles se recusaram e passaram a forçar o cerco que impediria a descida pela Avenida Rebouças, que não foi preparada para a manifestação.”
Alexandre de Moraes afirmou que os abusos cometidos durante as manifestações serão apurados em inquérito policial, mas disse que a PM deve atuar com rigor quando necessário e fará isso dentro da legalidade. “Às vezes, as pessoas não entendem por que são lançada bombas de gás. Nesse momento é preferível a bomba de gás para dispersar ao embate físico, que acaba gerando mais feridos. Não é compreensível que os manifestantes acabem se lançando contra a polícia quando há um imenso campo para manifestação.”
O secretário de Governo da prefeitura, Francisco Macena, defendeu o diálogo e as manifestações pacíficas, mas condenou os movimentos que não avisarem qual será seu itinerário ou desrespeitarem o que foi acordado com as autoridades. “A cidade convive com manifestações toda semana. Respeitamos todas, e o que nós queremos com a mediação é que possamos ter o mínimo de civilidade nesses atos para não prejudicar o conjunto da cidade. Impossível fazer a organização e garantir que as pessoas que não estão na manifestação possam se locomover sem o mínimo de planejamento.”




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