Denúncia do MPF sobre Furnas
volta à fase de inquérito
RIO
- Passados dez anos do surgimento das primeiras informações sobre um esquema de
corrupção semelhante ao mensalão montado na companhia estatal Furnas Centrais
Elétricas em benefício de políticos e partidos, a ação judicial ainda está
longe de apontar culpados. Responsável há quase quatro anos pelas
investigações, a Polícia Civil do Rio ainda não apresentou conclusões ao
Ministério Público do Estado.
Inicialmente atribuição da Justiça Federal, a
ação passou para a Justiça do Estado do Rio após a apresentação pelo Ministério
Público Federal de denúncia contra 11 acusados, entre empresários, lobistas,
dirigentes e funcionários da estatal vinculada ao sistema Eletrobrás. A remessa
do processo ao Judiciário fluminense ocorreu em 26 de março de 2012, por
determinação do juízo federal.
O caso ficou conhecido como "lista de
Furnas" e envolvia políticos supostamente beneficiados com dinheiro
desviado da estatal com sede no Rio. O esquema reproduzia o praticado no
mensalão, segundo a procuradoria. A corrupção em Furnas foi citada nas delações
premiadas do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Moura, na Operação
Lava Jato. Ambos apontam o senador Aécio Neves (PSDB-MG) como beneficiário de
desvios. Ele nega.
© Fornecido por Estadão Os
documentos do MPF foram enviados à Justiça Estadual e ao Ministério Público
Estadual dois meses após a procuradora da República Andréa Bayão ter denunciado
11 pessoas à 2.ª Vara Federal Criminal do Rio, em 25 de janeiro de 2012, entre
elas o ex-diretor Dimas Toledo, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) e o
lobista Nilton Monteiro. O juiz Roberto Dantes de Paula, da Justiça Federal no
Rio, entendeu que a análise da denúncia competia à Justiça estadual, pelo fato
de Furnas ser uma empresa de capital misto. Daí a transferência para a Justiça
local.
Desde então, a apuração se arrasta. O caso está na
Delegacia Fazendária do Rio desde 4 de outubro de 2012, mas o inquérito – com
26 caixas de documentos – ainda não foi remetido ao MPE. A delegada Renata
Araújo disse que aguarda um depoimento, provavelmente em março, para finalizar
a investigação. O procurador-geral de Justiça no Estado, Marfan Martins Vieira,
não respondeu ao Estado sobre a demora na conclusão do caso.
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