Protesto contra MPs mobiliza militância em diversas capitais
Em São Paulo, CUT e centrais cobraram alteração da política
econômica e retirada das medidas que penalizam o conjunto da classe
trabalhadora
Escrito por: William
Pedreira/fotos: Roberto Parizotti • Publicado em: 02/03/2015 - 15:31 • Última
modificação: 02/03/2015 - 16:41
Roberto Parizotti
A CUT e as demais
centrais sindicais organizaram nesta segunda-feira (2) mais um protesto
contra as Medidas Provisórias 664 e 665. Desta vez, as ações ocorreram em
frente às Superintendências Regionais do Trabalho (DRTs), subordinadas ao
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), nas principais capitais do Brasil.
Editadas pelo
governo no final do ano passado, as medidas dificultam o acesso ao
seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte, seguro-defeso,
auxílio-doença e auxílio-reclusão, além de estabelecer a terceirização da
perícia médica.
“É uma agenda que
vai na contramão do projeto de nação que ajudamos a eleger. Vale lembrar que o
seguro-desemprego, o abono salarial, são benefícios que os trabalhadores
utilizam para pagar suas contas, para garantir o sustento de suas famílias,
ninguém vai comprar títulos na Bolsa de Valores”, declarou Sérgio Nobre,
secretário-geral da CUT, durante o ato na capital paulista.
As medidas foram
encaminhadas ao Congresso Nacional e receberam 741 emendas. Agora, passarão
pela análise de comissões mistas - formadas por deputados e senadores - e, caso
aprovadas, vão à votação nos plenários da Câmara e do Senado.
Sérgio Nobre
defendeu a retirada imediata das medidas e a abertura de um amplo debate,
principalmente, sobre a rotatividade no mercado de trabalho.
No Brasil, onde
predominam altas taxas de rotatividade e o emprego de curta duração, as
mudanças nas regras do seguro-desemprego, em vigor desde o último sábado (28),
terão um impacto considerável na vida de milhares de trabalhadores/as, em
especial, sobre jovens e mulheres.
Pela nova regra,
o/a trabalhador/a que for demitido poderá solicitar o primeiro benefício
somente quando comprovado o vínculo de ao menos 18 meses entre os últimos 24.
Anteriormente, o mínimo exigido era de seis meses.
“Assim como em
2008, auge da crise do sistema capitalista, a unidade das centrais sindicais e
o poder de resistência serão o grande diferencial para barrarmos os ataques aos
direitos trabalhistas”, analisou Quintino Severo, secretário de Administração e
Finanças da CUT.
“Queremos deixar
claro para o governo que não é mexendo nos direitos da classe trabalhadora, que
custaram muito esforço para serem conquistados, que vai se resolver o problema
do déficit fiscal. Gerar mais emprego, colocar mais dinheiro na economia, taxar
grandes fortunas e heranças. Este é o caminho para avançarmos nas conquistas sociais
com justiça e maior distribuição de renda”, completou.
No próximo dia 13
de março a CUT está convocando mobilizações em diferentes cidades do Brasil. O
ato nacional em parceria com os movimentos sociais será contra a retirada de
direitos, em defesa da classe trabalhadora, da Petrobrás e da Reforma Política.
Vigília no
Congresso Nacional – Sérgio
Nobre anunciou durante o ato que as centrais sindicais continuarão em vigília,
ocupando o Congresso e pressionando os parlamentares para impulsionar a agenda
da classe trabalhadora.
A ação torna-se
ainda mais importante na medida em que o presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, anunciou que o PL 4330/04 – libera a terceirização para todas as
atividades econômicas – será colocado em pauta no Plenário no inicio de abril.
Mediante a esta
ameaça, a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Graça Costa, convidou os
representantes das centrais sindicais para participarem nesta terça (3), em
Brasília, do ato de lançamento do ‘Dossiê Terceirização e Desenvolvimento: uma
conta que não fecha’, organizado pela própria Central. (Para maiores informações cliqueaqui)
O Dossiê reúne uma
série de dados que denunciam a precarização às quais estão expostos os
trabalhadores terceirizados, impactos sobre os ramos de atividade e as
propostas da CUT para uma regulamentação da terceirização que garanta igualdade
de direitos.
Democracia,
sempre! – as
principais lideranças das centrais sindicais também rechaçaram qualquer
tentativa de golpe ao governo eleito democraticamente pelo povo brasileiro.
Apesar da
concordância sobre a necessidade de alteração no curso da política econômica,
os dirigentes reforçaram a disposição de luta contra a campanha golpista
encampada pela direita e pela mídia conservadora.
“Nossa luta é em
defesa da democracia, da Petrobrás e do pré-sal, importante recurso mineral.
Não aceitaremos essa campanha sórdida que tem como interesse a privatização do
patrimônio brasileiro”, afirmou Douglas Izzo, vice-presidente da CUT-SP.
Logo após o ato,
representantes das centrais se reuniram com Luiz Antonio de Medeiros, superintendente
Regional do Trabalho de São Paulo, para entrega da pauta dos trabalhadores.
Veja
também:
- Pernambuco: Centrais Sindicais de Pernambuco protestam contra nova regras trabalhistas
Link: http://www.cut.org.br/noticias/protesto-contra-mps-mobiliza-militancia-em-diversas-capitais-41b5/
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