16/10/2015
12:42
Em
jantar com a presidente Dilma Rousseff na noite desta quinta-feira, 15, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu mudanças na política econômica
para sair da crise, defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal e voltou a dizer
que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem "prazo de validade".
Levy e
o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, são alvos constantes do
ex-presidente. O Diretório Nacional do PT vai se reunir no próximo dia 29, em
Brasília, e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além
de um "novo eixo" para a política econômica, com crescimento e
distribuição de renda.
Na
avaliação Lula, não adianta o PT brigar para derrubar o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se o governo não arrumar sua base parlamentar de apoio
no Congresso e promover mudanças na economia.
Nos
últimos dias, o Palácio do Planalto e Lula promoveram negociações de bastidores
para tentar salvar o mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Em troca,
queriam que o presidente da Câmara barrasse a abertura do processo de
impeachment contra Dilma. Diante do agravamento das denúncias que pesam sobre
Cunha, porém, a situação do deputado está sendo considerada
"insustentável" pelo Planalto e por petistas.
Na
noite de quinta-feira, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato
no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para
investigar Cunha, suspeito de desviar recursos da Petrobras para contas
secretas mantidas por ele e seus familiares na Suíça.
As
articulações para livrar Cunha da cassação abriram uma guerra entre as
correntes do PT e, após o vazamento da notícia, o Instituto Lula divulgou nota
para desmentir que o ex-presidente tenha feito articulações para proteger o deputado
no Conselho de Ética.
Pesou
para a revolta de grupos do PT, ainda, o fato de Cunha ter sugerido a
emissários de Dilma a demissão de Cardozo. Em público, o presidente da Câmara
nega essa exigência. Lula e integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil
(CNB), majoritária no PT, também avaliam que Cardozo não controla a Polícia
Federal e deveria deixar o cargo. Para eles, a Operação Lava Jato não pode se
transformar na agenda do País.
Cardozo
disse ao jornal O Estado de S. Paulo que Cunha "deve ter as suas
razões" quando pede a saída dele da pasta. "Muitas pessoas têm ficado
desgostosas com a minha postura de garantir a autonomia das investigações da
Polícia Federal e de só atuar em caso de evidências de abusos e
ilegalidades", afirmou Cardozo. "Se é verdade que o presidente da
Câmara quer a minha saída, deve ter as suas razões. Cabe a ele
explicitá-las", afirmou.
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